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terça-feira, 14 de julho de 2009

As tendências do 51° CONUNE



Encerrado o credenciamento nacional do Congresso da UNE, esse é o momento exato para analisar tendências e apontar caminhos políticos de um processo que extrapola, inclusive, a fronteira de atuação da entidade.

Por várias fontes tive acesso aos números do CONUNE, mas com todas firmei o compromisso de não divulgá-los, até porque nesse momento são como "segredos de Estado", já que, embora a vitória da presidência e a maioria política já estejam definidas, outras questões táticas sobre temas importantes em suas repercussões ainda estão incertos. Portanto, me deterei à parte política e "militar" do grande momento do movimento estudantil brasileiro, com direito até a cobertura exclusiva da Carta Capital (a Veja deve cobrir o encontro da Conlute, ambas são desimportantes na seara em que atuam).

A União da Juventude Socialista consagra sua hegemonia (maioria nos cargos + manutenção de sua capacidade de persuasão), mas, a despeito disso, terá que ter muita sobriedade na condução da composição da executiva e da diretoria, evitando revanchismos e espírito retaliador que em nada sevirá para alavancar as grandes causas da entidade.

Aliado de primeira hora, o hoje PPL, antigo MR-8, auto-institulado Mutirão no CONUNE, que engloba também o que sobrou do PMDB, tem crescido significativamente nos últimos três congressos. No último, já tinha tamanho para reivindicar a vice-presidência, mas acabou preterido por acordos mais importantes a serem favorecidos pela UJS: assegurar duas das 4 forças mais importantes e pelo menos 50% do petismo em sua chapa. Neste ano, o tamanho do Mutirão e o fato de o PPL ter sido preterido na escolha da presidência do Conjuve pela canidatura petista, que envolveu outras questões que não a UNE, indicam que o ex-8 fortaleça sua posição interna na chapa da UJS em relação ao único aliado petista de hoje, a DS-Kizomba, completamente isolada e deslocada do conjunto do PT neste CONUNE.

O movimento da UJS de fortalelecer a Kizomba (e desta de demonstrar seu seguidismo), longe de facilitar o entendimento com os petistas para uma composição de chapa, ajudou a inviabilizá-lo e tornou a DS ainda mais dependente da UJS. Sem firmar o acordo com a maioria, volta para o pleno ou para uma qualificada ao gosto do bom humor da força majoritária. Essa situação pode e deve fortalecer o PPL. Seria um erro ser diferente.

Por outro lado, o PT (JCNB, MAIS, AE + grupos menores), que, tudo indica, sairá unido sozinho ou com aliados fora da chapa da UJS, bateu na casa dos mais de 750 delegados. Uma importância política que não pode ser desprezada.Existe claramente e, inclusive construída pela SNJPT, uma "posição petista" na UNE e uma descolada "posição da DS". Tomar a DS como "juventude do PT" seria também um outro equívoco que prejudicaria a visão mais ampla da necessidade de composição política na entidade.

Para garantir uma pluralidade mais autêntica, o equilíbrio de forças entre as posições construídas, a perspectiva de ação e resolução unitária para além de chapas orgânicas que vem ocorrendo desde 2007, é razoável que a vice-presidência fique com este campo, seja por mérito ou concessão. Ou isso - que significa governar a UNE com o PT - ou o caminho terá que ser buscar uma governabilidade inovadora e preferencial com o PPL o que, com estes números, enfraquece a UNE, não por deméritos do PPL, mas pelas representatividades comparativas entre Mutirão e JPT no Congresso e na sociedade. Entregar a vice à DS tem absolutamente a mesma coisa no impacto e efeito político caso a pedida, se puder ser feita pela chapa majoritária, fique a cargo da própria UJS.

Contudo, analisando os números do credenciamento, sem medir as quebras, imagino que à maioria caberá as chamadas da presidência, secretaria-geral e tesouraria no máximo. Poderia entrar aí a vice, mas não creio que se abriria mão, ao mesmo tempo, do controle burocrático-financei ro da UNE.

No mais, o coletivo Ousadia (RJ), que assinou um manifesto com a UJS e outros para a UNE, pensava que se tratava de um documento estadual e sem apontar chapa comum. Já o Acionando Flores (PE) precisa tomar cuidado para não colocar questões locais sobre as nacionais e não se permitir ser instrumento da luta política natural deste momento.

Na DS, as maiores bancadas são Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. O Pará, com todas as condições na mão para um "passeio", ficou 13 delegados abaixo da média do estado. Tinha que eleger 60, mas só levou 47. A tendência, lendo o mapa da Kizomba e observando a tradição, é de quebra forte. Aposto que perdem pelo menos um quarto da bancada no CONUNE.

As tendências fundamentais, pelos números e pela boa política, assegurar a presidência, o controle financeiro e ampla maioria na direção para a UJS, a vice para a chapa petista, a secretaria-geral para o Mutirão e manter duas vagas da executiva para a Kizomba, talvez negociando algum prêmio a mais para a diretoria de mulheres, do pleno e, claro, concessões da UJS para garantir JS-PDT e JSB na executiva, além de AE e Mudança, que terão tamanho para entrar nas contas da chapa petista. Apenas no caso de uma aliança com JS-PDT e JSB com o PT, improvável pelo poder de atração da UJS, corre-se o risco de uma força petista ou de um dos dois primeiros partidos ficarem de fora. Dependerá dos acordos firmados e das sobras que, hoje, são imensuráveis e da maturidade de compreender que a unidade política existente hodiernamente na UNE é mais importante que expressar isso numa chapa, tanto para o ME, quanto para o Brasil no ano que vem.

O mais importante de tudo é que a UNE siga construindo amplas resoluções quase consensuais apontando para reeleger o projeto de nação em curso no país e fortalecer a luta pela reforma unversitária que está para ser votada no Congresso.

Agora começa aquela sensação ímpar de que o mundo todo e as grandes questões da humanidade giram em torno de Brasília.


Leopoldo Vieira é ex-Sec. de Relações Internacionais da UNE.


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